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Noelle-Neumann na revista Der Spiegel |
Elisabeth Noelle
Neumann foi uma pioneira da pesquisa de opinião pública, reconhecida
internacionalmente e que desfrutou da confiança de sucessivos líderes alemães.
Nascida em 1916,
Elisabeth Noelle foi o orgulho da família. Seu pai, advogado, fundou a
companhia de cinema Tobis-Filmgesellschaft. Do lado da família materna, seu
avô, Fritz Schaper, foi um escultor conhecido por suas estátuas de Goeth,
Lessing, Lutero e Krupp. Depois da escolarização precoce, em Berlim, Elisabeth
frequentou a famosa Salem School, completando o curso em Göttingen, em 1935.
Ela estudou Filosofia, História, Jornalismo e Estudos Americanos nas
Universidades de Berlim, Königsberg e Munique. Um intercâmbio estudantil
levou-a para a Universidade do Missouri, de 1937 a 1938, onde ela trabalhou
duro para aprender os métodos de Goerge Gallup. Ela retornou à Alemanha via
Japão e China. Em 1940, obteve o doutorado com uma dissertação sobre pesquisa
de opinião pública nos Estados Unidos.
Embora, mais
tarde, ela tenha afirmado que nunca foi uma nazista, em 1940 ele trabalhou
brevemente no notório semanário nazista Das
Reich, o qual em 8 de junho de 1941 publicou seu artigo Quem informa os Estados Unidos?. Ela
insistia que eram os judeus. Se ela foi aconselhada a escrever alguma coisa do
tipo para entrar na mídia controlada pelo ministro da propaganda, Joseph
Goebbels, nunca foi explicado. Em todo caso, ela foi incapacitada de ocupar o
trabalho oferecido por Goebbels devido a uma doença.
Noelle então
conseguiu emprego no Frankfurter Zeitung,
até ele ser banido em 1943. Um pouco antes das forças soviéticas ocuparem
Berlim, em maio de 1945, ela juntou-se a uma multidão de refugiados para o
oeste, encontrando abrigo na pequena cidade de Allensbach, no lago Constance.
Terminada a
guerra, ela teve que decidir o que fazer. Afortunadamente, um coronel francês designado
para a ocupação veio em seu auxílio. Ele tinha encontrado por acaso sua
dissertação e pensou que ela poderia ser útil na mensuração da opinião pública
alemã, a respeito da qual todas as potências ocidentais estavam ansiosas para ficar a
par. Com seu novo marido, Erich Peter Neumann – o qual, depois de trabalhar no
pacifista Die Weltbühne antes do nazismo tomar o poder em 1933, juntou-se ao
partido Nazista e manteve uma posição de liderança no Das Reich – ela estabeleceu o primeiro corpo de pesquisa de opinião
pública na Alemanha.
Ela, agora
Noelle Neumann, e Erich trabalharam duro para conseguirem sucesso. Ele
juntou-se a União Democrática Cristã (CDU), o partido apoiado pelos americanos, a igreja Católica e
muitas das empresas. Mais tarde, ele serviu como membro do CDU no Parlamento
Federal, de 1961 a 1965. Elisabeth, a qual tomou chá com Hitler, estava, cedo,
tomando chá com Konrad Adenauer, líder da Alemanha Ocidental. Ela,
provavelmente tomou chá, e muito mais, com todos os chanceleres da Alemanha Ocidental,
e teve particularmente um relacionamento estreito com Helmut Kohl, o chanceler
de 1982 a 1998.
Seus detratores
consideravam-na como uma pesquisadora “domesticada” da CDU. Contudo, no tempo
em que Kohl esteve no topo das manchetes, seu Institut Für Demoskopie
Allensbach representou a função de liderança não somente na pesquisa política
como também na pesquisa de mercado. Noelle-Neumann também diversificou suas
atividades em outras direções: ela manteve uma cadeira na universidade de Mainz
de 1964 a 1983, enquanto de 1978 a 1980, foi presidente da Associação Mundial
de Pesquisa de Opinião Pública, que ela ajudou a fundar.
Noelle-Neumann
publicou diversos trabalhos, mas tornou-se mais conhecida por Espiral do silêncio: opinião pública – nossa
pele social, que descreve por que os indivíduos em minoria sobre uma
questão particular, podem ser relutantes para falar abertamente. E quanto menos
a minoria fala abertamente, a espiral ocorre, e o ponto de vista minoritário se
perde. O medo do isolamento é a motivação-chave para alguns não falarem
abertamente, ela acreditava. Também postulava um “Quasi-statistical organ”, o
qual sugere que as pessoas estão constantemente monitorando o clima de opinião.
Noelle-Neumann
recebeu diversos prêmios, incluindo a Ordem
do Mérito da República Federal da Alemanha em 1976.
Perguntada em
2006 se tinha receio da morte, ela replicou, “sinceramente, não. Às vezes penso
com uma certa alegria sobre a minha próxima vida”.
Elisabeth
Noelle, cientista política. Nasceu em Berlin em 19 de dezembro de 1916; casou
em 1946 com Erich Peter Neumann (morto em 1973), em 1979 com Heinz
Maier-Leibnitz (morto em 2000); morreu em Allensbach, Alemanha, em 25 de março
de 2010.
Adaptado de:
Elisabeth Noelle Neumann: Pioneer of public-opinion polling and market research. De David Childs, The Independent. 10 April 2010. Disponível em: http://www.independent.co.uk/news/obituaries/elisabeth-noelle-neumann-pioneer-of-publicopinion-polling-and-market-research-1940766.html
Teorias da comunicação: ideias, conceitos e métodos | Luís Mauro Sá Martino. Editora Vozes
Segundo Cândido Teobaldo de Souza Andrade, em Curso de Relações Públicas: relações com os diferentes públicos, embora o público, em sua formação, admita a controvérsia, a oportunidade de discussão e a abundância de informações, dentre outras características, abriga também a seguinte faceta: a “procura de uma atitude comum”. E aqui, começamos a entrar em uma das premissas do corpo teórico apresentado pela cientista política alemã Elisabeth Noelle Neumann a partir dos anos 1970, e que viria a ser chamado de Espiral do Silêncio. Clique para continuar lendo.
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