No interior das
empresas, repartições públicas ou mesmo organizações não-governamentais são
observados diferentes fluxos de comunicação, os quais dizem muito sobre a
própria organização.
Hipólito Gouveia
As instituições mais
conservadoras, menos abertas a interações com o público interno e mais apegadas
à hierarquia, costumam ter uma comunicação mais verticalizada, enquanto as
organizações mais flexíveis, menos conservadoras, costumam ter um fluxo
comunicativo que opera para além de um eventual organograma, estimulando a
participação de todos os colaboradores.
Os principais fluxos
comunicativos são o descendente, o ascendente, o horizontal e o diagonal.
Autores importantes como Margarida Kunsch consumam acrescentar mais dois
fluxos: o transversal e o circular.
Descendente / vertical
No fluxo descendente
ou vertical a comunicação ocorre no sentido do fluxo hierárquico, de cima para
baixo. Ou seja, dos cargos superiores na hierarquia para os cargos subalternos.
Do gerente geral para o subgerente de um determinado setor. Ou de um subgerente
para um operário.
É no fluxo
descendente ou vertical que se costuma vislumbrar a comunicação administrativa
oficial discorrendo sobre ordens ou instruções.
Ascendente
No fluxo ascendente
ocorre exatamente o contrário da comunicação vertical. Aqui, o fluxo parte dos
estratos subalternos na hierarquia em direção aos estratos superiores, na
cúpula.
Este fluxo
comunicativo ganhou especial importância no Brasil a partir do processo de
redemocratização, com o fim do ciclo militar (1964 – 1985), o que possibilitou
um reflorescimento do movimento sindical e dos boletins e jornais sindicais, os
quais passaram a dialogar diretamente com os trabalhadores, sem as proibições e
censuras do passado. Então, as organizações precisaram rever suas posturas, com
vistas a concorrer em agilidade com a comunicação feita nas portas das fábricas
ou mesmo boca a boca, entre os operários.
Instrumentos
planejados – maiormente operacionalizados pelos setores de relações públicas –
passaram a ser utilizados com vistas a auscultar os colaboradores, os quais,
assim, passaram ao papel de emissores, remetendo demandas ou mesmo elogios e
sugestões.
São exemplos de
instrumentos que ilustram o fluxo ascendente, as caixa de sugestões – dispostas
em locais de fácil acesso, para que o trabalhador possa expor suas questões –, as
reuniões com trabalhadores – especialmente os líderes representativos –, além
de pesquisas de satisfação no trabalho. Ouvir o público interno é oportunizar o
diálogo com quem faz a organização acontecer.
Horizontal / lateral
A comunicação
horizontal ou lateral, como o nome sugere, ocorre no mesmo nível. Ou seja,
entre pares, lotados em um mesmo nível hierárquico.
É a comunicação
entre dois subgerentes, ou dois operários. Ou, ainda, dois diretores gerais.
Observe que, na comunicação horizontal, o fluxo se dá entre pessoas cujas
posições na hierarquia da organização são semelhantes.
Diagonal
A comunicação dialogal
costuma ser mais comum em instituições menos afeitas a burocracia e, portanto,
mais abertas. Aqui, observa-se a troca de mensagem entre um superior e um
subordinado de setor diferente.
Para exemplificar,
imagine uma organização a qual possui, dentre as suas gerências, um gerente de
marketing e um gerente financeiro. Suponha que, para agilizar uma demanda, o
gerente de marketing contata diretamente um funcionário vinculado à gerência
financeira, sem necessariamente passar pelo chefe daquele setor.
O fluxo diagonal
facilita programas interdepartamentais por pular fases que seriam comuns em uma
estrutura burocratizada: um contato prévio com o chefe do setor. Ao contrário,
aqui posso ir diretamente ao subordinado, mesmo que este não seja vinculado ao
departamento no qual sou gerente.
Fluxo Transversal / Longitudinal
Os fluxos
transversal e circular são acrescentados aos tradicionais fluxos comunicativos
por autores importantes, como Margarida Kunsch, professora da Universidade de
São Paulo.
O fluxo transversal,
também conhecido por fluxo longitudinal, é marcado pelas diversas direções as
quais as mensagens podem percorrer, independentemente da hierarquia vigente na
organização. Ou seja, o fluxo da mensagem não precisa corresponder à
hierarquia. Aqui, o organograma não é desculpa para amarrar a comunicação na
organização.
Um funcionário
subordinado ao gerente de marketing pode ser emissor de mensagens destinadas à
direção geral, ou ao gerente de outro setor, como o financeiro, por exemplo,
sem que a mensagem precise passar pelo seu chefe imediato, no caso, o gerente
de marketing.
O fluxo transversal
é mais comum em organizações flexíveis, que prezam a gestão participativa e
integrada, ao facilitar o acesso de qualquer colaborador à voz, em qualquer
direção.
Circular
Parecido com o fluxo
transversal, o circular é comum a organizações pequenas e informais, nas quais
um organograma rígido construtor de uma hierarquia nitidamente observável não
faz sentido.
A relação
comunicativa entre os colaboradores, verificada nessas organizações –
marcadamente menores e informais –, ocorre mais baseada na aproximação
interpessoal do que propriamente na divisão de funções observadas em um
eventual organograma. Quanto maior a aproximação interpessoal, maior tenderá a
ser a comunicação entre as partes.
Assim, as mensagens
tendem a percorrer todos os níveis, independente das direções tradicionais
elencadas anteriormente.
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Indicações bibliográficas sobre o assunto:
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