O texto jornalístico no rádio: orientações básicas

Anderson Costa 
 
O texto para o rádio teve ter como tônica a simplicidade. O rebuscamento desnecessário é um inimigo do radiojornalismo. 

Atente para as orientações precípuas que devem balizar a confecção do texto jornalístico para o rádio.


Orientação
Exemplo
Ordem direta
Prefira as construções das frases na ordem direta, ou seja: sujeito + verbo + complemento. Qualquer construção cuja ordem dos elementos seja diferente desta apresentada acima está na ordem indireta.
O escritor Fulano de Tal lançou o livro X hoje pela manhã na livraria Central.
Tamanho
Ao redigir o texto, o repórter deve estar atento para o quanto de tempo a leitura do material irá demandar. Evidentemente, é possível, apenas, estimar esse tempo. Uma estratégia utilizada é a previsão do tempo de leitura a partir do número de toques do texto. Uma linha de 65 toques deve demandar de 4 a 5 segundos de leitura no ar. Seguindo este parâmetro, uma lauda de 12 linhas deve demandar mais ou menos um minuto de locução.
O exemplo acima possui aproximadamente 65 caracteres (sem os espaços), o que equivale a uma linha, demandando cerca de 5 segundos para a locução.
Clareza
O repórter deve passar uma informação de cada vez, para não misturar as idéias.  Dedicando-se a uma informação de cada vez, o texto a ser lido ganha clareza.
O escritor Fulano de Tal lançou o livro X hoje pela manhã na livraria Central.
Várias autoridades estiveram presentes para prestigiar o lançamento. Dentre elas, o governador Beltrano da Silva.
Tempo verbal
Deve-se dar preferência ao tempo presente. No entanto, admite-se em casos específicos o uso do passado, desde que assim, a informação fique mais clara.
O escritor Fulano de Tal lança o livro X hoje pela manhã na livraria Central.
O escritor Fulano de Tal lançou o livro X hoje pela manhã na livraria Central
Evitar o texto telegráfico
O estilo telegráfico torna o texto monótono e, por isso, deve ser evitado. Uma forma de contornar o problema é usar o artigo antes dos sujeitos.
Preferir: “O escritor Fulano de Tal lança o livro X hoje pela manhã na livraria Central”; ao invés de: “Escritor Fulano de Tal lança livro X hoje pela manhã na livraria Central”
Impacto
O uso de voz ativa contribui com a obtenção do impacto. Na voz ativa, o sujeito pratica a ação. Por isso, diz-se que, neste caso, trata-se do sujeito ativo – do contrário seria o sujeito paciente.
A escolha da primeira frase também é importante neste quesito, o qual é importante para fisgar a atenção do ouvinte. Para causar impacto é recomendado que se inicie pelo ponto mais importante (vide o formato da pirâmide invertida). Na medida do possível, deve-se causar, logo no princípio, um choque, um abalo.
Preferir a voz ativa: “O escritor Fulano de tal lançou o livro X”. Evitar o sujeito paciente: “O livro X foi lançado por Fulano de Tal”.

Deve-se preferir começar com o ponto mais importante (pirâmide invertida), para depois, discorrer-se sobre os detalhes. Prefira: “O escritor Fulano de tal lançou o livro X. A livraria recebeu um grande público, que chegou a formar uma fila para conseguir um autógrafo do autor”; ao invés de: “A livraria Central recebeu um grande público, que chegou a formar uma fila para conseguir um autógrafo do escritor Fulano de Tal. O autor lançou o livro X.”
Nomes de pessoas
Quando for nominar uma pessoa, o nome do cargo deve sempre vir antes do nome do indivíduo.
Em se tratando de uma autoridade com cargo político, a regra é parecida. A diferença é que, entre o cargo e o nome da pessoa, vai o partido ao qual o individuo é filiado. Mas atenção: o partido é mencionado apenas na primeira vez em que o político for citado.
“O diretor de marketing da editora Y, Sicrano da Silva, prestigiou o lançamento do livro”.
No caso de pessoa com cargo político: “O deputado estadual pelo PSOL, Edilson Costa, esteve na livraria Central, e parabenizou o autor do livro”.
Nomes das Instituições
O nome integral das instituições – ou seja, o destrinchamento das siglas – podem ser muito grandes para o rádio. Por isso, o seu nome oficial pode ser resumido, esclarecendo com simplicidade do que se trata a instituição. Também não é interessante usar siglas se ninguém sabe o que significa.
Somente as siglas mais conhecidas, que dispensam explicações, não precisam vir destrinchadas. Nestes casos, se cada letra das siglas for pronunciada de forma soletrada, devem ser escritas separadas, para se facilitar a leitura. Já se a sigla formar um nome deve ser escrita normalmente, como uma palavra.
O Sindicato das empresas de Crédito e Investimento do Estado de Pernambuco, no texto do rádio, deve ser chamado de “Sindicato das Financeiras”. O nome simplificado diz do que se trata a instituição. A sigla SECIEP também não cabe no rádio, pois não iria informa nada.

No caso de siglas famosas, de domínio público, não há necessidade de destrinchamento. Nestas situações, siglas soletradas devem sevem vir com as letras separadas: “O escritor Fulano de Tal começou a sua carreira como correspondente da C.N.N.”.
As siglas que formam um nome podem ser escritas como nome que são: “Petrobrás”.
Uso de barras
Tradicionalmente, costuma-se utilizar barras (/ ou //) em roteiros de rádio, especialmente para as notas, boletins, comentários, editoriais e nos textos destinados a leitura pelo locutor. A idéia é facilitar a leitura. Assim, usa-se uma barra (/) após cada final de período (geralmente encerrado por ponto). Usa-se duas barras (//) para marcar o final do texto, após o ponto final do último período.
O escritor Fulano de tal lançou o livro X./ A livraria recebeu um grande público, que chegou a formar uma fila para conseguir um autógrafo do autor.//

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Fundamentos do radiojornalismo | Paul Chantler & Peters Stewart. Editora Roca Brasil.

Radiojornalismo. Paul Chantler & Sim Harris. Editora Summus.

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