O som na reportagem de rádio

Na cobertura de um incêndio, o som das sirenes são bem-vindos
Anderson Costa


Uma máxima já tornada comum quando o assunto é rádio é que o som é a sua matéria-prima – assim como a imagem é a matéria-prima da TV. Trazer um som para o ouvinte causa impacto maior que o simples relato do locutor.

Não por acaso, recomenda-se, ao repórter de rádio que, ao invés de reportar – ainda que com algum detalhe – o choro de alguém, deve-se, sim, gravar o choro. O choro, aliás, pode estar em uma entrevista. A bem da verdade, o choro pode ser, praticamente, a entrevista – nas ocasiões em que o entrevistado mal consegue falar. Neste caso, o som do choro do entrevistado falará mais que a descrição da cena pelo repórter de rádio. O registro sonoro é importante e deve, sempre que possível, se fazer presente.

A emissora britânica BBC: referência
A ironia é que mesmo o silêncio pode ser significativo em determinados momentos de uma entrevista. Depois de uma pergunta, o silêncio de um entrevistado antes da resposta ajuda no resultado final.

Um exemplo de como o som deve se fazer presente em uma reportagem. Por ocasião de uma briga, além da apuração precisa das informações e das declarações dos envolvidos colhidas em off, pra contextualizar o episódio tumultuoso, não pode faltar o barulho do litígio. Na cobertura de um incêndio, o som de sirenes e buzinas soma-se à fala do repórter.

Muito falamos de sons outros que não a fala do próprio repórter. Esta também é importante, óbvio. Aliás, esta também pode contribuir para a ilustração da reportagem, na medida em que deixa transparecer mudanças de tom. Em meio a uma correria, a mudança de respiração do repórter contribui com o impacto da cobertura. 

O mesmo pode-se dizer de uma entrada em meio a um tumulto, com registros sonoros de pedidos de licença pelo repórter. Tratam-se de elementos que valorizam a força de um episódio. Evidentemente é preciso haver bom senso para se evitar afetações: voz muito alegre, muito triste ou muito irônica, por exemplo. Embora possa estar ofegante, ao entrar, em tempo real, em meio a uma correria, o repórter não deve se comportar como um personagem. Afinal, o repórter não é a vítima ou um parente dela.




Produção de rádio: um guia abrangente de produção radiofônica | Robert Mcleish. Editora Summus.



Fundamentos do radiojornalismo | Paul Chantler & Peters Stewart. Editora Roca Brasil.

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