Carlos
Miranda
Comprar a
algo sem sair de casa tornou-se trivial. A possibilidade de montar uma
biblioteca movendo apenas o mouse do
computador é concreta e simples. E mais do que no mundo real (off-line),
na rede mundial de computadores (on-line) a guerra de preços é
acentuada.
É
praticamente certo que a tônica que embalará os negócios e-commerce sejam
mesmo movidos a ofertas acachapantes. Trata-se do efeito “pesquisa de preços”,
oferecido aos montes na Web. O site Buscapé é um exemplo. Como
ele existem outros tantos que, por meio de uma simples pesquisa como nome do
produto desejado, vasculham a Internet listando as lojas que oferecem o tal
produto e o preço cobrado por ele.
O comércio
virtual veio para ficar. E para as lojas off-line
é difícil competir no tocante a preços com as lojas virtuais. Na rede mundial
de computadores uma loja não possui as tradicionais despesas de um
estabelecimento comercial físico. A começar pelo IPTU, seguindo com gastos
relativos à manutenção e aluguel. Somente os custos com a estrutura já
justificam as diferenças de preços entre ambos os segmentos.
Entretanto,
mesmo com o apelo dos preços, há quem não abra mão da possibilidade de manusear
o produto a ser adquirido. Existem também aqueles que veem na compra um momento
de lazer. Passear em um shopping center em um dia de domingo é parte do
programa de muitas famílias. O mesmo apelo de passeio dominical não pode ser
atendido por um shopping virtual. Essa constatação fornece pistas a serem
observadas pelos empresários do mundo off-line. A tendência é que o
apelo à guerra de preços divida espaço com elementos exclusivos que só o nosso
bom e velho “mundo real” pode oferecer a um cliente.
Tudo é uma
questão de adaptação, que pode inclusive acarretar em modificações na cultura
organizacional de uma instituição. Uma livraria off-line, por exemplo,
deve dispor de cadeiras confortáveis e mesas para que os clientes possam
folhear os livros, avaliar as obras. Por meio desse simples recurso, o
estabelecimento físico facilita o manuseio dos produtos à venda.
Nos dias de
hoje, uma livraria otimizada deve contar com um bom espaço de convivência,
regado a café, chá e outros elementos que combinem com o ambiente. Outras
opções como sucos e guloseimas sofisticadas também podem compor o mix,
desde que não destoem do espaço. É necessário bom senso na hora de compor o
cardápio: nada de oferecer hambúrgueres em uma livraria.
Outro ponto
importante diz respeito ao estoque. Deve-se primar pela atualização e os
produtos precisam estar sempre disponíveis. Não há percepção pior para um
estabelecimento físico ou virtual que a falta de mercadorias. Principalmente se
a mercadoria encontra-se no bojo das promessas da instituição. É frustrante
entrar em uma livraria que se diz completa e não encontrar um título desejado. Neste
quesito as lojas físicas encontram-se em desvantagem. Falta espaço para expor
todos os produtos. Um e-commerce possui espaço de sobra, uma vez que sua
vitrine é virtual.
Não por
acaso, o comércio virtual pode ser considerado o timoneiro do crescimento dos
produtos de nicho. São aqueles produtos que, por gerarem interesse em segmentos
específicos do mercado, vendem pouco particularmente. Entretanto, se somadas
todas as vendas dos diferentes produtos de nicho, o volume de vendas não pode
ser desconsiderado. Esta é uma das premissas do fenômeno conhecido por Long Tail, ou cauda longa, em português,
conceito desenvolvido pelo jornalista norte-americano Chris Anderson em seu
livro A cauda longa – do mercado de massa
para o mercado de nicho.

Há
elementos que, ao menos nem tão cedo, serão desapropriados das tradicionais
livrarias off-line. São eles: a oportunidade concreta de manusear o
livro à venda e a possibilidade de, após comprá-lo, “devorá-lo” imediatamente. Na
compra via Internet o consumidor precisa aguardar a entrega do produto
adquirido.
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