Teoria do agendamento ou Agenda-setting

Maxwell McCombs

Donald Shaw
Desde o advento e a posterior difusão em larga escala dos meios de comunicação de massa – notadamente em meados do século XX – muito se tem discutido sobre a importância e o poder dos media. Para o bem ou para o mal, o fato é que, ao nos fornecer informações que vão além do nosso limitado ciclo de convivência, ampliando nossas percepções, a mídia influencia diretamente as pautas sobre as quais debateremos e refletiremos. Por outro lado, o que não for contemplado pelo noticiário corre sério risco de permanecer no limbo dos acontecimentos que não ganham notoriedade pública, por mais pertinente que o assunto possa ser.

Seguindo esta linha de ponderação, os pesquisadores Maxwell McCombs e Donald Shaw conceberam a teoria do Agenda-setting.
Aloísio Gueiros

Tal abordagem, apresentada nos Estados Unidos no início dos anos 1970, estudou a relação direta entre a cobertura dos fatos pela mídia e a agenda de discussões dos indivíduos na esfera pública. Os autores apresentaram o conceito de saliência relativa para denominar a maior importância conferida pelo público aos acontecimentos previamente pautados por jornais, emissoras de rádio e televisão.

Em tese, pode-se argumentar que o agendamento pelos meios de comunicação de massa contribuem para selecionar e organizar os assuntos que merecem ser debatidos, em meio ao universo de acontecimentos. Na prática, no entanto, tal agendamento, não raro, tem sido desastroso. Emblemático foi o episódio do nascimento da filha de Xuxa Meneguel, transmitido ao vivo pelo Jornal Nacional. Não é difícil imaginar que, no dia seguinte, o rebento da apresentadora global tenha dominado as conversas entre as pessoas. Uma das grandes secas que o nordeste brasileiro vivia na ocasião mereceu uma nota coberta de 30 segundos no mesmo telejornal. A “lei” da saliência relativa agiu, e o sertão passou desapercebido pelo debate público.

É preciso estudar iniciativas alternativas de exploração dos meios de comunicação de massa, para que o agendamento passe a ser producente. Assim, espera-se que a alegria de uma Xuxa não repercuta mais que o sofrimento de uma legião de sertanejos.
 

Tópicos sobre as faculdades de agendamento e influência dos veículos de comunicação no meio social | Revista de Ciências Humanas Unitau


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