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Tiago Zaidan
Momentos de crise são aterradores para quem está no olho do
furacão. São meses de trabalho, lançando bases para a construção de uma
percepção positiva da marca, quando, por uma fatalidade, um incidente ocorre,
incitando a mídia e a sociedade. Todos aqueles meses de trabalho parecem ter
ido por água abaixo.
Óbvio que o melhor teria sido a prevenção, reparando os
agentes potencialmente causadores de crises. A prevenção, inclusive, custa
menos que a restauração de um momento caótico, como a queda de um avião (no
caso de uma companhia aérea) ou um vazamento (no caso de uma companhia do ramo
petroquímico).
Jornalistas
A primeira atitude da organização diante de uma crise deve
ser a de se tornar parceira dos jornalistas, sem negar informações. A exceção
fica por conta dos dados considerados sigilosos pela justiça ou pela polícia,
em função das investigações levadas a cabo por consequência do episódio que
desencadeou o colapso.
É fundamental que a instituição esteja acessível à imprensa,
o que, aliás, é recomendado para todos os momentos, sejam eles bons ou ruins.
Durante uma crise, tal tônica deve ser reforçada. O ideal é não se restringir a
aguardar a demanda dos jornalistas. A organização deve antecipar-se,
esclarecendo os fatos e expondo as medidas que estão sendo tomadas pela
direção, visando contornar a situação de crise. É preciso demonstrar interesse
efetivo em consertar o problema. Interesse que deve vir acompanhado por ações
práticas e comunicados à sociedade, por meio da mídia.
Em situações caóticas, informação é o que todos querem; tanto
a imprensa quanto a sociedade civil. Cabe a organização concedê-las, tanto
quanto for possível. Até para que se evite a proliferação de boatos. Os
rumores, diga-se de passagem, são consequências diretas das lacunas na
comunicação.
O site institucional da empresa é um dos locais que costumam
serem visitados por quem procura informações pormenorizadas. Por isso, é
preciso contemplá-lo com notas atualizadas.
Veracidade e unidade
As notas devem ser rigorosamente verídicas, sem maquiagens.
Dados falsos serão descobertos e ampliarão o estrago institucional. Por outro
lado, da mesma forma que a instituição deve preocupar-se com a veracidade dos
comunicados que emite, deve monitorar o que é veiculado na mídia. A assessoria
deve empenhar-se para consertar o equívoco ao primeiro sinal de informação
improcedente.
Outro cuidado diz respeito à emissão de informações
desenfreadas, induzida pelo momento. Nada pior, em meio à animosidade, que
discursos contraditórios e confusos, proferidos por membros da organização. Por
isso, deve haver unidade de conteúdo nas mensagens transmitidas.
Tão importante quanto a preservação de uma unidade firme no
discurso é manter a cúpula da instituição devidamente informada e atualizada a
respeito do andamento das apurações dos fatos e da condução da crise. Imagine o
potencial de desconfiança que pode ser causado por uma informação desatualizada
proferida por um executivo da companhia durante uma entrevista.
Inteligência emocional e firmeza são dois atributos
importantes para um pretenso candidato a participar de uma coletiva de imprensa
em situações adversas. A sabatina nos dias subsequentes ao “estouro” costuma
ser bem mais incisiva que nos tempos de “brisa”.
Não por acaso, uma das análises a serem efetuadas com
antecedência – ainda nos chamados “bons momentos” – é se os altos executivos da
organização possuem alguma desenvoltura diante da imprensa. Se não, é bom
prepará-los. Em momentos de crise é casual a mídia solicitar entrevistas com
membros da alta gerência. E não adianta querer negociar outros nomes para
conceder respostas em momentos faiscantes.
O fato é que, mesmo nos bons tempos de uma organização, é
importante que a instituição esteja preparada e preocupada com situações de
embaraço. Não significa viver em uma eterna paranoia. Significa sim, a
incorporação do hábito da prevenção, especialmente em ações de manutenção. Da
mesma forma que a instalação de extintores em uma firma tornou-se um evento
trivial – visando anteparar danos maiores em casos de incêndio – um
planejamento prévio para situações emergenciais relativas à imagem da companhia
deve ser traçado.
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