Hipólito Gouveia
Em relações públicas a interação é condição necessária para
que se haja um sistema efetivo de comunicação. É o que se chama de “via de mão
dupla”, onde não só a instituição, como também o público apresenta informações.
A troca de dados permite à organização realizar melhorias em sua mensagem –
levando em consideração os públicos a serem atingidos – aperfeiçoando a
comunicação organizacional (PINHO, 1990, p.38).
Dentre os atributos de uma página na internet, a
interatividade deve ser considerada um dos elementos-chave, especialmente
quando se faz relações públicas na rede mundial de computadores. A adequada
utilização de recursos que permitam a interação com a mensagem disposta pela
organização é para Ries e Ries o segredo do sucesso de uma marca na Internet
(2001, p.21).
O e-mail pode ser utilizado como instrumento de
interatividade. Ícones, induzindo o internauta a opinar através do correio
eletrônico, são válidos. Todavia, para que o e-mail cumpra a sua função
interativa, é preciso que o gestor do site se preocupe com a brevidade
do retorno ao internauta. Ou seja, é necessário que haja agilidade nas
respostas aos e-mails recebidos, de preferência em no máximo 24 horas.
Tal procedimento contribui, inclusive, com a redução de envio demasiado da
mesma mensagem pelo internauta, que, ansioso pela resposta à sua solicitação, e
diante da falta de dinamismo do site, acaba repetindo a mensagem, na
esperança de um retorno breve (FORTES, 2003, p.281).
A busca pela interatividade em um site não se deve
restringir a relação página na Internet - internauta. Há a relação
internauta - internauta, que vem sendo bastante utilizada por sites de e-commerce.
Por meio dessa relação, internautas interagem com outros internautas,
incrementando, vantajosamente, a experiência de visita ao site. Seu uso
mais trivial vem sendo aplicado por lojas virtuais, que induzem o visitante a
atribuir notas aos produtos que compraram, fornecendo assim, algum subsídio
para a avaliação de novos compradores (LIMA, 2003, p.26).
Todavia, as potencialidades da interação internauta -
internauta não se restringem aos sites de comércio virtual. Comunidades
segmentadas por categorias específicas – de interesse da organização – podem
ser criadas, visando propiciar o diálogo entre usuários de uma determinada
marca ou mesmo de um determinado produto. A comunidade não precisa,
necessariamente, englobar apenas os usuários dos artefatos confeccionados pelo
mantenedor do site. Tal página tem a faculdade de englobar os usuários
de toda a categoria, independente da marca. Deste modo, o site estará se
encaminhando para tornar-se um ponto de encontro virtual de um determinado
segmento.
Na comunidade, os visitantes trocam experiências e comentam
produtos da categoria que lhes interessam. As opiniões – positivas ou negativas
– emitidas por internautas na comunidade são passíveis de maior credibilidade,
se comparada às publicidades da organização (LIMA, 2003, p.33). Lima oferta o
seguinte exemplo: “esportistas podem participar de uma comunidade de uma
empresa que fabrica suplementos alimentares” (2003, p.33).
Como todas as ações de relações públicas, a criação de uma
comunidade virtual no site institucional de uma organização deve ser
avaliada e possuir objetivos claros. No caso de aprovada a idéia, é preciso
estudar o público-alvo e fazer investimentos – geralmente onerosos – que
possibilitem a comunicação bidirecional entre os internautas. Alguns dos
instrumentos que permitem esse diálogo são: as redes sociais, o Chat, os
fóruns e, finalmente, as listas de discussão (LIMA, 2003, p.34).
Sobretudo em um site institucional, onde o objetivo
principal da comunidade é promover a marca do mantenedor da página, o estudo do
público-alvo do recurso disponibilizado é fundamental. O público deve ser
definido de forma específica. Não é pertinente a criação de comunidades que
abarquem vários públicos distintos – com áreas de interesse igualmente
distintas. O interesse focalizado na comunidade deve ser intrinsecamente
vinculado à categoria de interesse da organização (LIMA, 2003, p.36).
A partir do momento que o site da organização abre
espaço para a intervenção dos internautas, o profissional responsável pela
página deve manter um monitoramento constante dos conteúdos proferidos pelos
visitantes. Embora não seja recomendável a prática da censura na Internet –
ainda que as opiniões emitidas pelo visitante sejam contrárias à da empresa
(LIMA, 2003, p.88) – há casos em que o corte é de extrema necessidade,
principalmente se levarmos em conta que tal comunidade está inserida em um
contexto de comunicação institucional. São exemplos de conteúdos, que merecem a
exclusão de um fórum, aqueles que possuem teor antissemita ou apresentem
qualquer mensagem racista.
Relações públicas na Internet: técnicas e estratégias para informar e influenciar públicos de interesse | J. B. PINHO. Editora Summus.
E-Marketing: o marketing na internet com casos brasileiros | Tania Vidigal Limeira. Editora Saraiva.
As 11 consagradas Leis de marcas na Internet | Al RIES & Laura RIES. Editora Makron Books.
E life: ideias vencedoras para marketing e promoção na web | Alessandro Barbosa LIMA. Editora Alta Books.
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