Imagem: Pixabay |
Muitos brasileiros vivem no limite de seus orçamentos, e se
julgam sem margem para cortar despesas com vistas à formação de poupança.
Nesses casos, os pequenos gastos recorrentes são um dos principais inimigos de quem
quer começar a economizar. Para vencer o desafio, mudanças de hábitos são
imprescindíveis.
Tiago Eloy Zaidan
A primeira resolução para a obtenção liberdade financeira,
ou para se iniciar no mundo dos investimentos, é conseguir poupar. Ninguém vai
deixar de comer ou pagar o aluguel para investir em Títulos do Tesouro Nacional
ou em ações. É preciso não colocar a carroça na frente dos bois. O primeiro
passo é equalizar as contas pessoais e, consequentemente, conseguir poupar
alguma coisa. Somente a partir do que conseguimos economizar, ou seja, com o
que sobra das despesas correntes, é que se pode dispor para investimentos. Do
contrário, se precisarmos do dinheiro aplicado em investimentos para cobrir
despesas correntes ou urgentes, os recursos não irão render. Ou pior, o
pretenso investidor provavelmente amargará perdas.
Economizar, cortar uma despesa ou outra, pode parecer mais
fácil para um abastardo. E o que dizer de um trabalhador que sobrevive com um
salário mínimo? Uma empregada doméstica. Um porteiro. Um zelador. Certamente, o
desafio aqui é maior. Muitos brasileiros de baixa renda vivem no limite de seus
orçamentos. Sem margem para cortar despesas tidas como supérfluas com vistas à
formação de poupança.
No entanto, mesmo nesses casos aparentemente dramáticos,
algumas mudanças de hábitos somado a lições de educação financeira podem
contribuir decisivamente com a formação de uma poupança a ser destinada a
investimentos. Evidentemente, a depender do caso, e da margem do poupador, a
quantia que irá sobrar no fim do ano será maior ou menor. Mesmo que seja
pequena, não há problema. O importante é buscar metas tangíveis, que estimulem
o poupador a seguir em frente. É melhor economizar pouco do que não economizar
nada.
Uma pequena quantia que deixa de ser gasta por semana –
menos de dez reais – já pode ser o começo. Se você tem como economizar mais do
que isso, ótimo! Não perca tempo. Mas, se não, experimente abrir mão de uma
carteira de cigarros, de uma cerveja, do refrigerante na hora do almoço, de um
cafezinho na padaria. Isso para não falar de comprar supérfluas no crediário,
que lhe tomarão a cada mês uma porção de recursos que poderiam ser destinados à
um fundo para sua liberdade financeira.
Esses pequenos gastos recorrentes
são um dos principais inimigos de quem quer começar a economizar.
Principalmente se a pessoa tem um orçamento apertado, com pouca margem para se
destinar à poupança. São perigosos justamente por conta dos baixos valores que
aparentemente envolvem. Como se tratam de dois, três reais, acabamos por não os
levar em consideração como deveríamos. E daí a possível margem para se
economizar escorre pelo ralo.
Se você deseja economizar para criar uma reserva financeira,
ou mesmo para começar a investir, mas suas margens estão apertadas, experimente
analisar atentamente os eventuais pequenos gastos correntes que permeiam o seu
dia a dia. Mas faça isso com calma e consciência. E senso crítico. Pois muitos
desses pequenos gastos possivelmente já viraram hábito, e se instalaram em sua
rotina de uma forma tão consistente que talvez você tenha dificuldade de
admiti-los como potencialmente assessórios – passíveis de serem cortados.
Em sua avaliação, não caia na armadilha de menosprezar o
gasto recorrente apenas por seu baixo valor. Lembre-se: não é o refrigerante no
almoço ou o cigarro do fiteiro comprados hoje que vão prejudicar a formação de
sua poupança. Mas sim, a soma de todos os copos de refrigerante e cigarros
consumidos ao longo de todo o ano. Por que não reduzir o consumo de
refrigerante? Por que não deixar de fumar?
O curioso é que muitas dessas pequenas mudanças de hábito
são potencialmente benéficas para a sua saúde. E poderiam ser motivadas não por
aspectos financeiros, mas de bem-estar. O benefício econômico é um bônus.
Tiago Eloy Zaidan é
jornalista e professor da unidade Acadêmica de Gestão e Negócios do Instituto
Federal da Paraíba – campus João Pessoa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário.
Sua mensagem é muito bem-vinda!