O poder dos pequenos gastos recorrentes

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Muitos brasileiros vivem no limite de seus orçamentos, e se julgam sem margem para cortar despesas com vistas à formação de poupança. Nesses casos, os pequenos gastos recorrentes são um dos principais inimigos de quem quer começar a economizar. Para vencer o desafio, mudanças de hábitos são imprescindíveis.


Tiago Eloy Zaidan

A primeira resolução para a obtenção liberdade financeira, ou para se iniciar no mundo dos investimentos, é conseguir poupar. Ninguém vai deixar de comer ou pagar o aluguel para investir em Títulos do Tesouro Nacional ou em ações. É preciso não colocar a carroça na frente dos bois. O primeiro passo é equalizar as contas pessoais e, consequentemente, conseguir poupar alguma coisa. Somente a partir do que conseguimos economizar, ou seja, com o que sobra das despesas correntes, é que se pode dispor para investimentos. Do contrário, se precisarmos do dinheiro aplicado em investimentos para cobrir despesas correntes ou urgentes, os recursos não irão render. Ou pior, o pretenso investidor provavelmente amargará perdas.

Economizar, cortar uma despesa ou outra, pode parecer mais fácil para um abastardo. E o que dizer de um trabalhador que sobrevive com um salário mínimo? Uma empregada doméstica. Um porteiro. Um zelador. Certamente, o desafio aqui é maior. Muitos brasileiros de baixa renda vivem no limite de seus orçamentos. Sem margem para cortar despesas tidas como supérfluas com vistas à formação de poupança.

No entanto, mesmo nesses casos aparentemente dramáticos, algumas mudanças de hábitos somado a lições de educação financeira podem contribuir decisivamente com a formação de uma poupança a ser destinada a investimentos. Evidentemente, a depender do caso, e da margem do poupador, a quantia que irá sobrar no fim do ano será maior ou menor. Mesmo que seja pequena, não há problema. O importante é buscar metas tangíveis, que estimulem o poupador a seguir em frente. É melhor economizar pouco do que não economizar nada.

Uma pequena quantia que deixa de ser gasta por semana – menos de dez reais – já pode ser o começo. Se você tem como economizar mais do que isso, ótimo! Não perca tempo. Mas, se não, experimente abrir mão de uma carteira de cigarros, de uma cerveja, do refrigerante na hora do almoço, de um cafezinho na padaria. Isso para não falar de comprar supérfluas no crediário, que lhe tomarão a cada mês uma porção de recursos que poderiam ser destinados à um fundo para sua liberdade financeira.

Esses pequenos gastos recorrentes são um dos principais inimigos de quem quer começar a economizar. Principalmente se a pessoa tem um orçamento apertado, com pouca margem para se destinar à poupança. São perigosos justamente por conta dos baixos valores que aparentemente envolvem. Como se tratam de dois, três reais, acabamos por não os levar em consideração como deveríamos. E daí a possível margem para se economizar escorre pelo ralo.

Se você deseja economizar para criar uma reserva financeira, ou mesmo para começar a investir, mas suas margens estão apertadas, experimente analisar atentamente os eventuais pequenos gastos correntes que permeiam o seu dia a dia. Mas faça isso com calma e consciência. E senso crítico. Pois muitos desses pequenos gastos possivelmente já viraram hábito, e se instalaram em sua rotina de uma forma tão consistente que talvez você tenha dificuldade de admiti-los como potencialmente assessórios – passíveis de serem cortados.

Em sua avaliação, não caia na armadilha de menosprezar o gasto recorrente apenas por seu baixo valor. Lembre-se: não é o refrigerante no almoço ou o cigarro do fiteiro comprados hoje que vão prejudicar a formação de sua poupança. Mas sim, a soma de todos os copos de refrigerante e cigarros consumidos ao longo de todo o ano. Por que não reduzir o consumo de refrigerante? Por que não deixar de fumar?

O curioso é que muitas dessas pequenas mudanças de hábito são potencialmente benéficas para a sua saúde. E poderiam ser motivadas não por aspectos financeiros, mas de bem-estar. O benefício econômico é um bônus.

Tiago Eloy Zaidan é jornalista e professor da unidade Acadêmica de Gestão e Negócios do Instituto Federal da Paraíba – campus João Pessoa.

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