Uma vida financeira saudável exige lidar não só com o dinheiro, mas com as próprias emoções

Imagem: PxHere

Quer chegar no azul no fim do ano e poupar? Para caminhar neste sentido, é preciso não só gerenciar bem o dinheiro que você ganha, mas também saber dominar as suas emoções.


Instituto Akatu

Juntar dinheiro foi a grande meta dos brasileiros para 2018, segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Na ocasião, quase metade dos brasileiros entrevistados (45%) disse que pretendia juntar dinheiro ou sair do vermelho (27%). Apesar disso, poucos começaram o ano de 2018 preparados: apenas 15% dos brasileiros afirmaram ter condições de pagar as despesas sazonais do início de ano, como IPTU, IPVA e material escolar, com os próprios rendimentos, de acordo com outro levantamento do SPC Brasil e CNDL.

É verdade que temos um contexto no país de crise econômica e alta taxa de desemprego que atrapalha os planos de poupança de muita gente. Mas é importante perceber que, em qualquer situação, ter clareza de propósitos, autoconhecimento e autocontrole é essencial para manter as finanças pessoais ajustadas. Isso exige pensar sobre a vida, escolher prioridades e manter o controle na hora de gastar. Tem a ver com planilhas, cálculos e juros, mas também com lidar com as próprias emoções.

Autoconhecimento

Para iniciar o seu processo de “detox” financeiro e entrar num círculo virtuoso é preciso, antes de mais nada, pensar no seu estilo de vida: como você encara o mundo e como aproveita o seu tempo? Quais são as suas preferências, gostos pessoais e valores? Conhecer o que é importante para cada um abre oportunidades para que nossas aspirações deixem de ser apenas “vontades passageiras” e virem fatos concretos de nossa biografia. O que antes era um simples desejo torna-se uma opção, uma escolha consciente. Saber aonde se quer chegar é uma providência essencial para realizar o seu planejamento financeiro.

A seguir, é preciso desenhar o “mapa” das suas finanças, que inclua os seus gastos, ganhos e itens do seu patrimônio. É hora de encarar a vida como ela é: não se auto engane e avalie meticulosamente as suas condições financeiras reais.

Monte uma planilha que faça sentido para você e permita acompanhar o seu orçamento frequentemente. Isso ajuda a pensar nos atos que realizamos mecanicamente, sem pensar, e a compreender o que é essencial.

Não deixe de incluir as “pequenas despesas” ao longo do mês assim como as contas que ocorrem todo mês, como água, luz e telefone. Quando o assunto é dinheiro, falar em despesa “grande” ou “pequena” é relativo. Por exemplo, podemos reclamar da mensalidade escolar do filho e, ao longo do mês, fazer pequenas compras “bobas” por impulso que somam mais do que o valor dessa mensalidade escolar.

A planilha ajuda a enxergar o orçamento doméstico não apenas pelo lado dos gastos, mas também pelo prisma da poupança. Desta forma, é possível enxergar melhor e descobrir quais mudanças de hábitos de consumo farão diferença na busca pela saúde financeira.

Decisão e ação

Após ter um panorama dos seus ganhos e gastos, é possível se planejar para conseguir acumular o montante para pagar as dívidas e/ou para poupar. Hora de pensar no seu objetivo para poder planejar o quanto e onde você terá que economizar para atingi-lo. Faça os cálculos para saber o quanto você precisa economizar por mês e quanto tempo levará para você acumular o valor colocado em seu objetivo. Assim, você montará a sua estratégia, baseada em suas prioridades.

A partir de agora, é importante ter em mente que não adianta apenas ter boas intenções – é preciso tomar uma decisão e agir. Mas não exagere: analise se a implementação do que você está planejando é mesmo viável. Você tem o tempo e o preparo necessários para executar as ações previstas? Elas não estão apenas baseadas em desejos ou fantasias? Não se esqueça de envolver toda a família, pois todos precisarão contribuir para cumprir o seu planejamento.

Autocontrole

Tomada a decisão das ações a serem tomadas, chegamos ao maior desafio: ter autocontrole. Para atingir as suas metas financeiras, é preciso domar as emoções.

Somos uma mistura de razão (racionalidade) e paixão (impulsividade), dois elementos importantes e presentes em todos nós em maior ou menor grau. A racionalidade permite ter capacidade de gestão para cumprirmos planejamentos, enquanto os impulsos abrem espaços para improvisações e experimentações. Como sempre, o equilíbrio é o melhor caminho. Porém, vale lembrar que, na cultura que vivemos, com um bombardeio publicitário que estimula continuamente ao imediatismo, ao consumismo e à diversão, ter esse equilíbrio exige pesar mais para o lado da racionalidade e da gestão.

O imediatismo e o consumismo são os maiores inimigos de um orçamento. Ao defender os interesses de um desejo momentâneo, eles nos desviam dos planos e nos tornam gastadores.

Quando o assunto é dinheiro, quem consegue esperar colhe os frutos. Por exemplo, colocando na poupança apenas R$ 2 por dia, desde o nascimento de uma pessoa, ao completar 30 anos ela já terá acumulado R$ 58.700 (considerando juros mensais de 0,5%).

Por outro lado, quem não pode esperar para acumular uma certa quantia de dinheiro nas mãos, acaba precisando pegar dinheiro emprestado ou tomar crédito. Para pegar um empréstimo desses mesmos R$ 58.700, com juros anuais de 10%, seria preciso pagar, por 30 anos, uma parcela mensal de R$ 496,54.

Comprar a prazo, usar além do limite do cartão de crédito ou usar o cheque especial não devem ser encarados como parte do seu patrimônio. Lembre que esse dinheiro não é seu, é emprestado. Esses são serviços de “aluguel de dinheiro” que têm um custo que você paga a um banco ou instituição financeira que o recebeu de investidores e poupadores que confiaram seu dinheiro poupado a essas instituições em troca de um rendimento. Os juros são o “aluguel” que pagamos por usar o dinheiro que é dos outros ou que recebemos por usarem o que é nosso.

O crédito não é “proibido”: se usado de forma consciente, pode contribuir para concretizar alguns planos como a compra da casa própria ou para pagar a faculdade, por exemplo. Investir na casa própria ou na educação é obter algo para a vida e por isso podem justificar a tomada de crédito. Mas é importante não utilizar nenhuma fonte de crédito sem ponderar demoradamente sobre sua real necessidade de usar o dinheiro naquele exato momento. O ideal, em termos financeiros, é usar o tempo ao seu favor e, com paciência, deixar o dinheiro render e construir o seu patrimônio.

Quando não conseguimos nos controlar e deixamos a vida nos levar em vez de seguir o que havíamos planejado, nosso dinheiro fica mais curto – e corremos risco de ficar endividados e preocupados. Por outro lado, saber esperar é um tipo muito especial de ação – é movida pela perseverança e pela prudência. Quem vence a ansiedade não tem pressa porque confia que tomou a decisão certa.

Algumas reflexões necessárias antes de contratar o crédito

Eu preciso mesmo usar o crédito para fazer esta compra? Não vale a pena poupar para comprar no futuro, aproveitando um preço mais baixo pedindo um desconto para pagamento à vista?

As parcelas do financiamento mordem um pedaço muito grande do meu orçamento? Conseguirei pagá-las?

Em quanto tempo me livro da dívida? Vou aguentar pagar por essa dívida por todo esse período?

Quem está decidindo a compra? A vaidade, o desejo, a pressão da sociedade ou a minha real necessidade?


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário.
Sua mensagem é muito bem-vinda!