Jornalismo opinativo

Imagem de Markus Winkler por Pixabay

Existem várias formas de se classificar o jornalismo em gêneros. Nenhuma das classificações é consensual. Clássica e basicamente, no entanto, costuma-se classificar o jornalismo em informativo e opinativo.

Sérgio Vaz

O jornalismo informativo abrangeria formatos como nota, notícia, reportagem e entrevista.

Com relação ao estudo sobre o gênero jornalismo opinativo, o pesquisador José Marques de Melo é a referência mais repercutida no Brasil. É de Marques de Melo a obra seminal Jornalismo Opinativo: gêneros opinativos no jornalismo brasileiro. Para ele, o jornalismo opinativo abrange os seguintes formatos: editorial, comentário, artigo, resenha, coluna, crônica, caricatura e carta.

Editorial

O editorial trata-se de um formato do gênero jornalístico opinativo, o qual traz a opinião oficial da empresa de comunicação que o publica. Evidentemente, é permeado pela política e pelos interesses corporativos da empresa.

O editorial é redigido por um editorialista, o qual não assina o texto. Trata-se de um profissional integrado a linha editorial do jornal e, por isso, designado para escrever em nome do veículo.

Comentário

O comentário trata-se de um formato do gênero jornalístico opinativo, e traz a opinião do jornalista. É, geralmente, redigido por jornalistas experientes, os quais, portadores de credibilidade, expressam opiniões e valores.

Não preza, portanto, pela neutralidade, mas mantém, na medida do possível, um distanciamento. A emissão da opinião pode não ser explícita. Ainda assim, a leitura atenta do comentário permite ao leitor perceber, graças aos caminhos percorridos pela argumentação, o julgamento do comentarista.

Em tese, assim como nos artigos, as opiniões contidas nos comentários não são necessariamente as opiniões do jornal. Supõe-se, portanto, certa independência com relação a linha editorial do veículo.

Resenha

A resenha trata-se de um formato do gênero jornalístico opinativo e traz a opinião do jornalista. É confeccionada a partir da apreciação de obras e produtos culturais, servindo, inclusive, de orientação para os leitores enquanto consumidores destes produtos culturais. No Brasil, genérica e vulgarmente, costuma-se não distinguir resenha de crítica.

Coluna

A coluna trata-se de um formato do gênero jornalístico opinativo, e traz a opinião do jornalista que a assina, que, no caso, é o colunista. O colunista – em certa medida – insere juízos de valor no conteúdo que elabora. A simples seleção das notas que compõem a coluna do dia já é uma expressão de juízo do colunista. Não por acaso, as colunas são um jornalismo dotado de personalidade. A personalidade de quem a assina.

É destacada na diagramação de jornal e é sempre iniciada por um título e cabeçalho fixo, que a identifica de forma eficiente. Para facilitar que a coluna seja encontrada por seus leitores habituais, os veículos costumam reservar uma posição, uma página, como um espaço constante para publicá-la.

Seu conteúdo é, não raro, composto por comentários curtos, espécies de pílulas, notas que, metaforicamente, fazem daquele espaço uma espécie de colcha de retalhos.

Caricatura

No bojo na obra de José Marques de Melo, a caricatura trata-se de um formato do gênero jornalístico opinativo, e traz a opinião do desenhista que a confeccionou.

Dá-se por meio de desenhos marcados pela ênfase ou simplificação das características de pessoas ou objetos, valendo-se do humor e da ironia.

Marques de Melo propõe uma classificação das caricaturas em três tipos: charge, cartoon e comic. A charge debruça-se sobre um assunto específico, oriundo de uma notícia a qual, geralmente, já é conhecida do público. Por isso, costuma ser atual.

O cartoon, por seu turno, não costuma apresentar personagens reais ou fatos verídicos. Apesar de não ter o mesmo compromisso com a representação de uma notícia, como verificado nas charges, o cartoon, não raro, é permeado por um ponto de vista crítico e, em certo sentido, vinculado em alguma medida à atualidade, embora seja mais atemporal que a charge.

Já as comics são as histórias em quadrinhos, imagens em série, com o suporte de balões, os quais trazem os textos – mormente diálogos.  Nos jornais brasileiros, costumam ser publicadas em tiras.

Artigo

No jornalismo, o artigo trata-se de um formato do gênero opinativo, e traz a opinião de colaboradores do veículo de comunicação – não necessariamente jornalistas – ou, eventualmente, de jornalistas do próprio veículo.

O artigo desenvolve uma ideia e opinião, fundamentando-as. O conteúdo desse gênero não necessariamente reflete a opinião do veículo que o publica. Nisso o artigo se diferencia do editorial, o qual reflete a opinião oficial do veículo de comunicação que o publica.

Outro aspecto que distingue o artigo do editorial é que o primeiro costuma ser assinado, enquanto o segundo, não.

No Brasil, os artigos costumam ser publicados em um espaço específico dos jornais – as páginas de opinião.

Carta

No jornalismo, a carta do leitor trata-se de um formato do gênero opinativo, e traz a opinião dos leitores do veículo de comunicação que a publicou.

Na seção de cartas, autoridades e anônimos podem, em tese, fazer-se presente, abordando questões de interesse pessoal ou comunitárias. Em todo caso, a seleção e a edição das cartas dos leitores pelos veículos informativos colocam em cheque a apreciação deste espaço como um lugar democrático de fato.

Em todo caso, a carta é o local ao qual o leitor comum pode recorrer.

Crônica

A crônica – gênero de notável repercussão no Brasil – faz a ponte entre o jornalismo e a literatura. Não por acaso, costuma ser escrita por escritores. Sua gênese, no Brasil, dá-se com os antigos folhetins.

Modernamente, a crônica costuma carregar, entre os seus atributos, sensibilidade, atualidade, ironia, humor, linguagem leve, além de, evidentemente, uma dose considerável da personalidade de seu autor. A crítica social pode estar presente.

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