Resenha: Aparelhos ideológicos de Estado, Louis Althusser.

Segundo o dicionário Aurélio, “Estado” é “o conjunto dos poderes políticos duma nação, governo”, e ainda, “nação politicamente organizada”. Segundo a tradição marxista clássica, todavia, “Estado” é algo muito diferente. Aqui, trata-se de um aparelho repressivo da classe dominante, classe essa que, no atual momento histórico, seria a burguesia. O poder do Estado e seu aparelho é almejado palas diferentes classes em conflito. Tendo como base tal filosofia, outros pensadores, simpatizantes da tese de Marx, desenvolveram contribuições, ora preenchendo lacunas, ora aprofundando algum aspecto. 

Mário Golshimitd

É o que procura engendrar o pensador francês Louis Althusser. Na obra Aparelhos ideológicos de Estado, Althusser parte da perspectiva negativa de “Estado” (visto como um elemento de institucionalização da ideologia dominante) para apresentar o seu brocardo: o conceito de “aparelhos ideológicos de Estado”. Este, ao lado do “aparelho repressivo do Estado”, compõe o poder do Estado. Ao contrário do “repressivo”, o “ideológico” encontra-se predominantemente na esfera privada, o que é possível para Althusser, uma vez que, para o pensador, o Estado é “... a condição de toda distinção entre o público e o privado”. Dentre os aparelhos ideológicos de Estado citados no livro estão: o sistema religioso, a família, os sindicatos, os meios de comunicação e os aparelhos políticos.

Todavia, não há – no modo de produção capitalista – aparelho ideológico mais importante que o aparelho escolar, afirma o autor; pois, esse, encoberto pela suposta “ideologia da escola universalmente aceita”, transmitiria “os saberes contidos na ideologia dominante”, ou “simplesmente a ideologia dominante em estado puro”. Aparelhos ideológicos de Estado apresenta-se como uma obra pertinente para o estudo da ideologia e para reflexões a cerca de uma pedagogia crítica.

Leitura recomendada: Aparelhos ideológicos de Estado, Louis Althusser.