Resenha: Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre.

No Brasil colônia do ciclo do açúcar, imperavam garbosos e absolutos os engenhos de cana-de-açúcar. Neles, as casas grandes e as senzalas apenas pontuavam os vastos canaviais que compunham os latifúndios de então. Enquanto na casa grande a família do senhor de engenho adaptava as modas europeias ao calor dos trópicos, os escravos – sob coerção – faziam o engenho funcionar.

Mário Golshimitd

Essa é a temática da obra de fôlego Casa-Grande e Senzala do sociólogo pernambucano Gilberto Freyre. Trata-se de um texto polêmico em suas observações conservadoras, sobretudo com relação à escravidão. Há momentos em que Freyre chega a beirar o saudosismo da escravidão, adjetivando a abolição de 1888 como um “descalabro” e lamentando o fim da “assistência patriarcal das casas grandes” como consequência da Lei Áurea.

Ao longo da obra, o sociólogo deixa transparecer a sua visão otimista da formação do povo brasileiro, empunhando a bandeira do mito da harmonia entre as classes e raças e entoando odes ao colonizador português e aos particulares que empreenderam na então colônia portuguesa.

Freyre é considerado um intelectual de direita. Casa Grande e Senzala foi uma das obras selecionadas e difundidas pelos partidários do golpe de 1964 através do IPÊS (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), segundo nos faz saber René Dreifuss em seu 1964: A conquista do Estado (Vozes).

Casa Grande e Senzala é uma obra extensa que, mesmo maculada por passagens soturnas, ainda é respeitada como um retrato dos detalhes pitorescos e do cotidiano do Brasil rural do ciclo do açúcar.

Leitura recomendada: Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre.

 

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