Resenha: Formação econômica do Brasil, de Celso Furtado.

No Brasil colônia dos anos 1750 e 1760, o ciclo do ouro vivia o seu apogeu. Muitas peças áureas foram extraídas da região mineradora brasileira, a qual abrangia uma extensa área entre a serra da Mantiqueira mineira, o entorno de Cuiabá (MT) e Goiás. A pergunta é, que fim teve todo esse ouro? Para os que pensam que o destino final do minério explorado foi Portugal, Celso Furtado responde: “Segundo fontes inglesas, as entradas de ouro brasileiro em Londres chegaram a alcançar, em certa época, cinquenta mil libras por semana”. 

Eloy Zaidan

O ouro da exótica colônia sul-americana ingressava em Portugal apenas de passagem, rumo à Inglaterra, com vistas a saldar o desastrado desequilíbrio na balança comercial entre os lusos e os ingleses. No cerne da questão está o acordo de Methuen, celebrado entre os dois países. Isso exemplifica porque Portugal não se industrializou no século XVIII, mesmo com tanto ouro. Esse e outros esclarecimentos estão presentes, de forma acessível e introdutória, na importante obra Formação econômica do Brasil, do economista paraibano Celso Furtado.

O livro de Furtado é imprescindível para um estudo analítico da história do Brasil, elucidando lacunas que frequentemente são deixadas pelos livros de história tradicionais. Aqui, sempre a partir da análise econômica, são esmiuçados aspectos importantes: da ocupação territorial do Brasil, do desenvolvimento da agricultura tropical (que chegou a ser pujante), da economia do ciclo do ouro (de onde foi extraída a história que introduz essa resenha), da passagem do regime escravo para o trabalho assalariado e, por fim, da introdução do desenvolvimento industrial brasileiro.

Sem dúvida, o vigor de Formação econômica do Brasil nos remete a Caio Prado Júnior, outro grande estudioso dos percursos da economia brasileira.

Leitura recomendada: Formação econômica do Brasil, de Celso Furtado

 

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