Nos anos 1970, a pesquisadora alemã Elizabeth Noelle-Neuman (1916-2010) liderou um grupo de pesquisadores que desenvolveu o conceito de Espiral do Silêncio. A ideia da Espiral ajudava a explicar uma série de eventos trágicos, como a ascensão do Nazismo na Alemanha.
Eloy Zaidan
Em linhas gerais, segundo Noelle-Neuman, o ser humano, enquanto ser social, tem medo do isolamento. Por isso, tende a omitir sua opinião quando sente que está em minoria, por receio de destoar dos demais. Por outro lado, se percebe que a sua opinião coaduna com o pensamento dominante no interior da comunidade da qual faz parte, sente-se motivado a se manifestar.
Em muitos casos, a opinião percebida como dominante não é a dominante de fato. Trata-se de uma mera questão de percepção, a qual pode não corresponder à realidade. Contudo, basta a opinião ser percebida como majoritária para que, assim, possa se beneficiar do fenômeno da espiral. E os meios de comunicação de massa são os principais responsáveis pela criação de percepções que nos induzem a crer que determinada ideia é ou não dominante.
Esta é uma das pesquisas clássicas em comunicação abordadas no livro Teoria da Comunicação: ideias, conceitos e métodos (Vozes), do jornalista e professor universitário Luís Mauro Sá Martino.
A bibliografia no campo da Teoria da Comunicação é vasta. Vão dos clássicos – como Teorias da comunicação de massa, de Denis McQuail (Artmed) e Teorias da comunicação, de Mauro Wolf (sem edição recente no Brasil) – às obras compactas, com um tom didático, como o opúsculo Teorias da comunicação: da fala à internet, de Roberto Elísio dos Santos (Paulinas).
Seja pela linguagem, seja pela forma de abordar os assuntos – complexos e, por vezes, abstratos –, as referências clássicas acabam não sendo bem digeridas pelos estudantes do primeiro período. O que é compreensível, uma vez que estes estão no início de suas jornadas acadêmicas e estão prestes a entrar em contato, pela primeira vez, com muitos dos teóricos da comunicação. Logo, é comum a recomendação de obras compactas, mais simples – pelo menos em um primeiro momento.
O livro de Luís Sá Martino encontra-se exatamente no meio termo. Possui uma abrangência e profundidade maior que as obras compactas. Entretanto, consegue abordar as teorias com uma linguagem leve, atual, próxima dos discentes. Para se ter ideia, no capítulo referente à Espiral do Silêncio, o autor utiliza exemplos como a de propagandas brasileiras, o que contribui para aproximar o leitor da pesquisa realizada por Noelle-Neuman, nos idos dos anos 1970.
Por fim, é importante frisar que a Teoria da Comunicação não é uma disciplina imutável. As mídias e as formas de consumi-las não param de mudar. E o mesmo se pode dizer das pesquisas em comunicação. Por esse motivo, uma obra de teoria da comunicação deve manter-se contemporânea, o que justifica a publicação de novas edições de um mesmo título, devidamente revisadas e atualizadas.
A edição mais recente de “Teoria da comunicação: ideias, conceitos e métodos”, por exemplo, dedica capítulos a fenômenos recentes de comunicação, como os reality shows, as redes sociais e as guerrilhas virtuais.
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