Hipólito Gouveia
Com a progressão do mercado a comunicação nas organizações
depara-se com uma nova missão, a de cuidar da marca. Não basta oferecer um bom
produto e torná-lo conhecido, pois a competitividade acabará por anular tais
atributos. O diferencial, fatalmente, será a imagem institucional que a
organização constrói perante os seus públicos.
Há casos em que a publicidade da marca já supera, em termos
de importância, a do produto. A indústria de confecções é citada por Pinho
(1990, p. 121) como exemplo de case, onde a publicidade de natureza
institucional é priorizada em detrimento da publicidade comercial, fruto da
dificuldade de consolidar produtos diante da fugacidade de modismos e do
limitado ciclo de vida imposta pelas estações (primavera, verão, outono,
inverno).
Diante dessa tendência, as marcas tornaram-se patrimônios
valiosos, merecendo inclusive, registro em entidades responsáveis, evitando o
seu uso sem licença.
Quando uma organização consegue incutir em sua marca algum
prestígio junto ao público, acaba tornando-se menos suscetível à guerra de
preços que por ventura possam estar minando a sua área de atuação. Esse
elemento mostra o quanto à comunicação institucional é importante.
Todavia, na elaboração ou gestão de uma identidade, a
comunicação institucional jamais deverá se portar como “criadora” de conceitos
que, na prática, não correspondam com a verdade. Sua utilização deve ser
estritamente baseada nas atitudes e perfis reais da instituição, sob pena de
tornar-se incoerente com a realidade, e, por conseqüência, contribuir para o
arrefecimento da credibilidade da organização junto ao público.
“Se o sistema de comunicação estabelecido pela organização
tiver por finalidade apenas agir ‘retoricamente’ sobre a opinião pública, para
persuadi-la e conquistar seu apoio, não se estabelecerá a verdadeira
comunicação na construção de atitudes dialógicas apoiadas numa linguagem de
relato veraz” (VIERA, 2004, p. 32).
A construção de uma identidade institucional positiva
dependerá, primeiramente, das atitudes praticadas pela instituição,
principalmente para com o seu público interno. Devidamente valorizado,
informado e efetivamente inserido na organização, por meio de uma comunicação
bilateral, o colaborador não só terá a sua capacidade produtiva maximizada como
também se tornará um difusor capacitado da identidade da instituição (VIEIRA,
2004, p. 45).
Como agente da comunicação institucional da organização, o
colaborador exercerá maior influência na comunidade às propagandas pagas
versando sobre ética e filosofia organizacional.
Por meio de instrumentos de relações públicas, é possível,
também, estender o papel de agente da comunicação institucional aos parentes
dos funcionários. Pinho (1990, p. 74), cita os dias de visita à organização pelos
parentes dos colaboradores como excelente oportunidade de integração entre a
empresa e os dependentes do funcionário. Se bem sucedida, tal política de
aproximação somará os familiares de seus colaboradores aos agentes difusores de
uma imagem institucional positiva junto aos demais públicos.
Transmitir uma boa impressão ao meio externo também é
essencial no zelo da imagem institucional da organização. Por isso faz-se
necessário um sólido trabalho de conscientização de seus colaboradores, e até
mesmo dos fornecedores, visando o trato com os públicos externos.
A necessidade natural das pessoas de desejar obter
informação deve ser respeitada pela instituição. Por isso, recomenda-se a
organização que disponibilize informações verídicas e de qualidade aos interessados.
Lideranças comunitárias podem ser convidadas a receberem graciosamente notícias
institucionais. O fluxo contínuo de informação – sempre estimulando e
valorizando os retornos – evitam o desgaste que boatos podem levantar. Os
rumores são conseqüências da falta de comunicação ou do ruído na informação.
Para contornar este último, os dados repassados devem sempre primar pela
clareza e simplicidade (PINHO, 1990, p.38).
É preciso que haja unidade no discurso para a construção de
uma identidade corporativa (PINHO, 1990, p.73). Uma versão una deve ser
debatida entre os gestores de comunicação e repassadas ao público interno. A
incoerência no discurso dos membros da instituição pode ser mal interpretada
pelo público, sobretudo pela imprensa, afetando a credibilidade da fonte.
O relacionamento com a imprensa precisa ser visto como
estratégico, de modo que a equipe de gestores seja consciente da importância no
trato com os jornalistas. Tal esclarecimento, se possível, deve ser estendido
aos demais colaboradores, sobretudo os que atuam diretamente com o público
externo.
A forma como a organização será citada em uma determinada
matéria jornalística será decisiva para a formação de uma identidade
institucional da instituição perante os seus públicos.
Mensagens institucionais, envolvendo opiniões da organização,
também são válidas no escopo da comunicação institucional. Tais opiniões podem
vir travestidas de preocupação como o social. Tomemos o exemplo de uma
seguradora de automóveis. A partir do momento em que ela patrocina um anúncio
orientando os motoristas a dirigirem com responsabilidade, estará não só
conscientizando seus clientes – que dirigindo com responsabilidade
provavelmente reduzirão os riscos de colisões, diminuindo também os ônus da
seguradora – como a sociedade em geral, incluindo os seus prospects, que
relacionarão a marca da seguradora à ação engajada positiva, no meio social.
Esse recurso, chamado de propaganda institucional, objetiva
a geração de uma aderência e obtenção de apoio junto a fornecedores,
acionistas, comunidade vizinha a organização, agentes governamentais e
legisladores, distribuidores, imprensa e, finalmente, consumidores e
colaboradores diretos (PINHO, 1990, p. 84 – 104).
Como se vê, é complexa a construção de uma identidade
organizacional. O gerente que ignora sua gestão corre o risco de perder o
controle da imagem que seus públicos possuem da organização.
Comunicação organizacional: gestão de relações públicas | Roberto Fonseca VIEIRA. Rio de Janeiro: Mauad, 2004.
Propaganda institucional: usos e funções da propaganda em relações públicas | J. B. PINHO. São Paulo: Summus, 1990 (Novas buscas em comunicação; v.35).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário.
Sua mensagem é muito bem-vinda!